Especialistas falam sobre os desafios e oportunidades na produção pecuária em tempos de pandemia

Um novo cenário foi estabelecido com a situação provocada pela pandemia Covid-19 e, com isso, a necessidade de se discutir as adequações necessárias e as oportunidades de inovação que isso traz nos modelos atuais de produção de alimentos. Para abordar esse tema sob o aspecto da produção pecuária, a IDH e parceiros realizaram, no início de junho, um Seminário online sobre sanidade e rastreabilidade: os desafios na produção de bezerros pós Covid-19. Especialistas da indústria, mercado e universidade falaram sobre diversos aspectos, como sanitários, tendências de mercado e novas tecnologias e comportamento de negócios.

Na abertura, a Diretora Executiva da IDH Brasil e do Programa de Territórios Sustentáveis na América Latina, Daniela Mariuzzo, ressaltou que neste momento de incertezas é muito importante estar conectado com os parceiros e com o que está acontecendo no campo. “Nós planejamos um conjunto de seminários que estão sendo feitos semanalmente para manter essa conexão e continuarmos os trabalhos”.

Para o representante da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Amado Oliveira, essa é uma discussão bastante oportuna para manter o contato com os produtores rurais. “Temos trabalhando intensamente provocando os produtores a pensar e a refletir sobre essa situação. Em que pese todos os desgastes, acredito que nós vamos sair dessa situação melhor e mais fortalecidos, com muitos aprendizados”, registrou.

Conforme ponderou o moderador do evento, Stavros Tseimazides, da SPT Consultoria, os desafios estão em diversas áreas, a questão sanitária, econômica e se estendendo, também ao aspecto social, como a inclusão de cerca de 420 milhões de pessoas na linha da estrema pobreza. “Nesta situação, o agronegócio tem um papel importante a ser desempenhado”.

Para Mathias Almeida, da NatCap, “essa pandemia proporcionou um contato mais efetivo com todos os elos da cadeia produtiva, o que permite enxergar novas oportunidades, principalmente levando conhecimento ao produtor, buscando fazer uma produção cada vez mais adequada ao mercado consumidor”.

Olhando em nível nacional, o diretor da empresa Safetrace, Vasco Picchi, avaliou que já há um conjunto de ações sendo executadas em paralelo para diferenciar os produtos brasileiros no mercado internacional nesse momento. “Pelo protagonismo do Brasil na produção de proteína animal, essa situação deve causar impactos, mas eu vejo, nesse primeiro momento, como positivo, uma vez que a indústria brasileira está preparada para isso, pois vem sendo submetida ao longo do tempo a diversos tipos de inspeções internacionais, além da preocupação já existente com o bem estar animal e a prática de sustentabilidade”.

Na mesma linha de análise, o diretor de compra de gado da indústria Minerva Foods, Fabiano Tito Rosa, destacou que, “a partir da situação gerada pela pandemia da Covid-19, deverá haver um aumento da vantagem competitiva para quem tem a produção focada em mais qualidade, mais sanidade, que consegue atender em volume e qualidade, que é o caso do Brasil”.

Em virtude desse cenário, o professor doutor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas (Unicamp), Sérgio Pflanzer, reforçou a importância do reconhecimento aos agentes que continuam mantendo suas atividades para que a produção e comercialização de alimentos não pare. “É preciso parabenizar todos esses guerreiros (os produtores) que estão no campo mantendo a produção em todo esse cenário difícil e, também, as empresas que, mesmo com as paralizações temporárias, estão dando a volta por cima, além dos fiscais e autoridades que mantém todo esse sistema funcionando”.

Assista ao evento completo nesse link.

Sobre o Programa Produção Sustentável de Bezerros

Tem o objetivo de mudar a dinâmica de produção e comercialização da cadeia da pecuária para torná-la cada vez mais inclusiva e financeiramente sólida. É coordenado pela IDH com investimentos do Grupo Carrefour e Fundação Carrefour. Tem como parceiros implementadores a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), no Vale do Araguaia, e a empresa NatCap, no Vale do Juruena, região que também conta com a Fazenda São Marcelo como apoiador comercial. Atualmente, mais de 250 fazendas integram o Programa e a previsão é chegar a 457 até o final do programa. IDH e Fundação Carrefour estão investindo € 3,6 milhões no Programa para a execução das atividades.