A participação feminina no Programa de Produção Sustentável de Bezerros, desenvolvido nas regiões do Vale do Araguaia e Vale do Juruena, em Mato Grosso, está conquistando espaço. No final de 2019, durante eventos realizados pela Acrimat, um dos parceiros implementadores do Programa em três municípios do Araguaia, as mulheres participaram de um momento especialmente preparado para elas. A iniciativa, que contou com a parceria do Senar-MT, teve como objetivo ouvi-las para entender qual sua participação na propriedade familiar e como o Programa pode apoiá-las.
Para iniciar esse trabalho, foi feita uma apresentação que abordou o papel da mulher na empresa rural, na economia familiar e as oportunidades de renda. A intenção foi despertar e reconhecer o papel da mulher e a importância de sua participação na empresa rural, no planejamento e na organização familiar, resultando na soma de esforços para o desenvolvimento da propriedade como um todo.
“Fiquei maravilhada com a iniciativa desse Programa. Nunca me senti tão valorizada em ouvir e saber o potencial que a mulher tem e ser reconhecida por isso. Esse momento valeu por toda uma vida”, expressou Marisa Beatriz Solimann, professora e produtora rural de Gaúcha do Norte.
Ao final de cada reunião, foram colhidas avaliações e expectativas sobre quais atividades podem ser desenvolvidas pelo Programa Produção Sustentável de Bezerros neste ano. Quase a totalidade, das mais de 60 mulheres que estiveram presentes, indicou o interesse em participar de palestras e cursos sobre gestão administrativa e financeira, além de uma formação em empreendedorismo.
“Achei muito gratificante porque foi falado sobre participação da mulher na propriedade, de empreendedorismo. Porque a gente quer dar opinião e ter espaço na tomada de decisão. Não estamos aqui só para cuidar da casa, da roupa e dar comida para as galinhas. E o Programa está mostrando que veio para ajudar nós, os pequenos, a somar esforços e sem custo”, avaliou Célia Macedo, produtora rural de Ribeirão Cascalheira.
Durante as reuniões, os produtores também se reuniram para avaliar as ações do Programa desenvolvidas no ano de 2019 e indicar o que precisa ser considerado no calendário das atividades previstas para este ano. Neste contexto, a assistência técnica local foi bastante elogiada com o apontamento da necessidade do avanço nas questões relativas à regularização ambiental e fundiária. “Nós estamos na região desde 1987 e até agora ninguém, nem o governo, veio dar uma mão para ajudar a gente a ter assegurado o direito da terra na qual estamos há mais de 30 anos. Sem isso, a gente não consegue acesso a crédito para melhorar a propriedade e a produção. Então, com o Programa nasce uma nova esperança e estamos prontos para fazer o que for preciso”, reforçou Flávio Zaia, do município de Paranatinga.
De acordo com o especialista em pecuária da IDH, Ivens Domingos, todas as informações coletadas servirão de base para planejar as ações do Programa. “Para nós é muito importante ter esse contato direto com os produtores, pois eles nos apontam o caminho mais assertivo a ser seguido. Vamos aprendendo e melhorando com todo esse processo”, disse.
O Programa de Produção Sustentável de Bezerros vem sendo desenvolvido desde fevereiro de 2019 nas regiões do Vale do Juruena e do Vale do Araguaia, em Mato Grosso. O objetivo é beneficiar 457 propriedades até 2021 com o aporte de assistência técnica produtiva, financeira, ambiental e fundiária, resultando na melhoria da renda do produtor rural. Para isso, a iniciativa da IDH conta com a parceria da Fundação Carrefour, Carrefour Brasil, Acrimat, Natcap e a Fazenda São Marcelo.