O setor da pecuária tem grande importância na contabilização das emissões de gases do efeito estufa por mudanças de uso de solo. Por esse mesmo motivo, também é considerado um dos setores que pode aportar a maior contribuição na redução dessas emissões, equilibrando a balança. Neste sentido, ciência, produtores, empresas e organizações têm se dedicado, nos últimos anos, a desenvolverem pesquisas e iniciativas em campo que promovam uma produção pecuária com menor emissão de carbono.
Um exemplo dessa atuação é o selo Carne Carbono Neutro (CCN), uma marca-conceito desenvolvida pela Embrapa com trabalhos iniciados em 2012 e que, em novembro, realizou o I Curso de Capacitação para Certificadoras da Marca-Conceito CCN, responsáveis por atestar se o produto está dentro dos padrões exigidos pelo selo, com o aval do Instituto CNA (ICNA).
O evento, realizado em Campo Grande (MS), reuniu representantes de certificadoras, técnicos, pesquisadores e profissionais ligados ao setor agropecuário, com a presença da IDH também.
Foram três dias de trabalhos intensos, com discussões abrangendo produção da CCN, que inclui cuidados com o bem-estar animal e ambiência na Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, boas práticas agropecuárias de baixa emissão de carbono, uso de árvores no sistema, requisitos do componente solo e animal, mercado de carnes especiais, mudanças no campo que estão ocorrendo, tendências em certificação, e, principalmente, o papel das certificadoras no processo de certificação da CCN.
Na avaliação de Ivens Domingos, responsável pelo Programa de Pecuária da IDH Brasil, o curso foi um marco alcançado pela Embrapa, resultado de um processo embasado em ciência, que também envolveu contribuições de diversos atores importantes da cadeia da pecuária e que, agora, representa o início da implementação no campo, incluindo a conexão com o mercado da produção de uma carne com a neutralização de suas emissões de carbono. “Para a IDH, participar do curso foi fundamental para entender todo o processo de certificação do Protocolo, qual fase da cadeia de produção ele contempla atualmente e quais as perspectivas para o futuro. Isso nos permitirá conectarmos a proposta com nossa estratégia de intervenção para Pecuária nas regiões onde atuamos e identificar os mercados e consumidores que reconheçam o valor dessa carne”, avalia.
O anúncio de que o Protocolo para Carne de Baixa Emissão de Carbono (CBC) está avançado e que, juntamente com o CCN, passaram a considerar critérios e orientações para a fase de produção de Bezerros, foi recebido como a excelente notícia, pois se conecta diretamente com o Programa de Produção Sustentável de Bezerros, desenvolvido pela IDH e parceiros em Mato Grosso.
A gestão do Protocolo será do ICNA que fará a acreditação das certificadoras, ou seja, quem vai fazer a conferência dos documentos e dos pré-requisitos. O Protocolo está finalizado, definido e homologado pelo Mapa e pela Embrapa.
O Programa de Produção Sustentável de Bezerros vem sendo desenvolvido desde fevereiro de 2019 nas regiões mato-grossenses do Vale do Juruena e do Vale do Araguaia. O objetivo é beneficiar 457 propriedades até 2021 com o aporte de assistência técnica produtiva, financeira e de crédito, ambiental e fundiária, resultando na melhoria da renda do produtor rural. Para isso, a iniciativa da IDH une a Fundação Carrefour, Carrefour Brasil, Acrimat, Natcap e a Fazenda São Marcelo.